Extrapolar os limites, usar materiais e instrumentos que lembram os dos pintores, dar vida aos mais variados personagens: assim é, em linhas gerais, a maquiagem artística, usada para colorir rostos e corpos. Certamente, você já viu um ator envelhecer anos para uma novela ou apresentar cicatrizes, ferimentos e hematomas sem se ferir. Entenda como a profissão pode trazer outras facetas que você nem imagina!
Existem muitos vídeos na internet que dão noção do que é, mas se você quer seguir a carreira, o melhor é fazer um bom curso presencial. “Conheço muita gente autodidata. Mas ter aulas com um profissional, que tira todas as suas dúvidas, observa seu traço e corrige se necessário, com certeza, faz diferença”, acredita Claudinei Hidalgo, designer de maquiagem, visagista e artista plástico (SP).
Dentre as escolas mais indicadas para a maquiagem artística, estão Senac (em todo o Brasil), Makevator (Rio de Janeiro e Santo André, em São Paulo) e o da Catharine Hill (São Paulo). “No começo, o aluno copia, mas com o passar do tempo vêm propostas de criação para que ele desenvolva sua criatividade”, completa Beto França (SP), também formado em Artes Plásticas e com 30 anos de experiência na área.
O que deve entrar no arsenal? A variedade é palavra chave. “Quanto mais elementos à disposição para explorar a arte dele, melhor”, acre dita Claudinei Hidalgo. Ter uma maleta bem pensada também salva o dia. “É bom se preparar para imprevistos. Passei por alguns e aprendi que não tem como ir com material muito básico, pois depende de cada tarefa”, ensina Beto França.
“Primers, bases e corretivos, várias vezes, são os mesmos usados na social, desde que ofereçam ótima cobertura e sejam resistentes”, diz Anderson Bueno, especialista em maquiagem para teatro (SP). Além disso, claro, existem os itens específicos para esse tipo de trabalho: pancake (como uma base com cobertura excepcional, colorida ou não), aquacolor (uma espécie de tinta bem pigmentada), glitters e sombras diversas, cílios postiços de várias cores, clown makeup (que pode ser branco para dar o efeito típico do rosto dos palhaços).
Os maquiadores citam também cristais, lantejoulas, renda recortada, cola para cílios ou peruca, remove dores de maquiagem e pincéis variados. Outro detalhe essencial é investir em bons produtos e marcas. “Assim, você consegue produzir com facilidade e ter resultados mais eficientes”, comenta a maquiadora Dani Vaz, do Jacques Janine Fashion Mall (RJ). Ela acrescenta que, para se dar bem, o melhor é treinar muito para aprimorar a técnica.
Existe espaço em teatro, TV, cinema, propaganda, eventos temáticos, shows, espetáculos de dança, editoriais de revista e desfiles de carnaval. E até mesmo em salões de beleza, quando surgem clientes que buscam uma maquiagem para uma festa ou uma comemoração diferenciada. Quem se especializa em efeitos especiais ainda pode contribuir com simulações de treinamentos de hospitais, bombeiros e polícia rodoviária. Efeitos esses como criar cicatrizes, hematomas, machucados.
“Esse campo é muito grande”, diz Fabio De Benedetti, técnico de prótese e efeitos especiais da Catharine Hill (SP). “Na verdade, não há limitações para esse tipo de profissional. Mas é preciso que ele seja capaz de entender as necessidades de cada trabalho”, pondera Vavá Torres. Ele é diretor artístico da Makevator e responsável pela caracterização das novelas da TV Record (RJ).
Assista a entrevista do beauty artist Fabrício Duque para a Cabelos&Cia:
Texto: Carol Salles (colaborou Larissa Bosco)
Fotos: Shutterstock e divulgação
Abertura: Dani Vaz