O grande desafio do segmento é desenvolver produtos que garantam madeixas lisas e saudáveis. Tudo com um método mais prático e rápido. Para isso, o mercado vive em uma constante luta com os percentuais de químicas e adição de elementos nutritivos. Eles querem rebater o efeito das bases alisantes.
Os laboratórios também têm se esforçado para buscar moléculas alternativas que possam alinhar a fibra capilar e evoluções tecnológicas. A ideia é compensar os danos da mudança de forma. Essa insistência ganhou força após o largamente utilizado e depois proibido formol. Os pesquisadores do Instituto de Pesquisa Médica de Queensland, na Austrália já descobriram a relação entre o gene Trichohyalin e a ondulação dos fios.
O objetivo da equipe de cientistas era chegar a um tratamento para alisar ou ondular o cabelo por diferentes meios, como a ingestão de uma pílula. Mas enquanto uma revolução não surge, a idealização de novas tecnologias poderá servir de inspiração para a criação de produtos. “O que se sabe é que o alisamento perfeito do futuro, que já está em fase de pesquisa, deve ter como pilar sua função básica e o tratamento da fibra de dentro para fora”, comenta Marcelo Schulman, presidente da Vita Derm.
A corrida por um alisamento perfeito é reforçada por reclamações de clientes e cabeleireiros em relação às bases químicas existentes. Isso impõe desafios à indústria cosmética. Segundo os especialistas no setor, estes são os pontos principais a serem superados:
Aplicação do produto: não é algo tão fácil, exige teste de mecha, habilidade e olhar atento do profissional. Este deve respeitar o tempo de ação recomendado para o ativo utilizado. Caso contrário, o resultado não será o desejado. Se o tempo for insuficiente, o cabelo não irá alisar; se exagerar na dose, poderá quebrar a haste e até prejudicar o couro cabeludo.
Agressão ao fio: fator responsável pela desistência do serviço. Por causa de ressecamento, abertura de cutículas e perda de nutrientes, os cuidados com as madeixas devem ser redobrados e os custos com tratamentos aumentam.
Alteração na cor: ainda são detectadas mudanças na tonalidade dos cabelos que passam por um serviço de alisamento, seja a cor natural ou não. Em alguns casos, o desbotamento pode ser de até três tons.
“Existe a busca por produtos naturais ácidos, pH perto de 2, que alisam com menos danos. Ativos multifuncionais, que tratam simultaneamente, e a adição de polímeros e silicones para proteger o fio também. Há uma consulta pública da Anvisa sobre alisantes que regulamentará novas bases. Entre elas o ácido glioxílico isolado e a carbocisteína, que tem glioxiloil (ácido glioxílico complexado) na molécula”. – Maria Valéria Robles Velasco, coordenadora do Departamento de Cosmetologia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP
“O alisamento do futuro visa proteger e nutrir o couro cabeludo, cuja sensibilidade aumenta com o passar dos anos. Todo e qualquer procedimento deverá ser livre de substâncias que provocam reações alérgicas. Também há busca de ativos naturais e menos agressivos.” – Marcelo Schulman, Vita Derm
“Acredito na tendência dos alisamentos formulados com bases ácidas, que não ofereçam riscos à saúde, dos que permitam associação de matéria-prima coadjuvante, para obtermos um liso perfeito, e dos ativos que conseguem fazer um melhor preenchimento na fibra, para que ela seja tratada.” – Elaine Domingues, técnica da Soul Hair
“Os alisamentos em andamento contam com ingredientes ácidos e orgânicos, bem como a combinação de blends, a praticidade na aplicação e o poder de reparação instantânea.” – Kadu Inácio, técnico da Plancton
“Devem surgir mais produtos formulados com biotecnologia, para preservar a integridade e a hidratação da fibra. Isso irá minimizar desidratação e alteração da estrutura e de elementos básicos do fio.” – Daniel Dziabas, dermatologista
“Estudamos a inclusão de ingredientes botânicos para amenizar o impacto químico, promover uma sinergia entre os ativos e conseguir, dessa forma, um resultado melhor no alisamento perfeito.” – Alexandra Kubota, técnica de produtos da Mediterrani Profissional
“O futuro de produtos com aspecto natural estará em ascensão. A ideia é ter nutrientes, aminoácidos, silicones, bases naturais e polímeros orgânicos que diminuam e preservem a saúde. É a química verde ganhando força com sustentabilidade nos processos produtivos, baixo impacto ao ambiente, utilização de tecnologias limpas e formulações mais suaves.” – Raphael Costa, químico da Blumare
Texto: Françoise Gregório
Fotos: Shutterstock e Pixabay