Natural de Recife, o expert avançou fronteiras, fez história no universo da beleza, foi professor e aprendiz, lançou moda, acompanhou celebridades e influencia até hoje muitas pessoas. Conheça um pouco mais do artista na entrevista a seguir.
Cabelos&cia: Você começou a maquiar bem cedo. Como foi a descoberta dessa paixão aos 15 anos?
Henrique Mello: Nasci artista. Desde os seis anos, já desenhava e pintava. Coloria a revista Manchete, ainda em preto e branco, com lápis coloridos e hidrocores. Quando completei 15, ensinava minhas irmãs a se maquiarem. Lembro que o start se deu quando fui ao clube, para as aulas de natação. Lá, tinha acabado de chegar a primeira TV em cores da cidade e, na hora do lanche, “plim”! Começou a passar Jeannie é um Gênio e, quando deu um close na atriz, com aquele make lindo de delineador duplo e boca rosa-chiclete… Uau, eu pirei! Naquele momento, sabia que queria fazer aquilo em todas as mulheres do mundo.
No início de sua carreira, você trabalhou como assistente em salão. Lá aprendeu a fazer penteados também?
Antes disso, já trabalhava no salão de um amigo, o Johny. Ele me deu a chance de ser assistente de cabelo e de maquiar aos finais de semana. Paralelamente, conheci os fotógrafos e comecei a fazer ensaios e books deles durante a semana. Isso me afiou em relação a tipos e possibilidade de uma maquiagem.
Foram tempos difíceis?
Sim, muito duros, mas ricos. Mesmo porque o que ganhava era praticamente para custear moradia, locomoção e alimentação na cidade e no salão. Não tinha apoio da família, fui morar com um cabeleireiro, o Ricardo Santa Clara, para dividir trabalhos e despesas, na zona sul, que era onde as coisas aconteciam.
Você foi um dos primeiros agenciados da First e continua até hoje com eles. Como é trabalhar com agência?
A First é um presente de dois amigos, o paulistano Wagner Abbiatti e o pernambucano Touché Rago, que me apresentaram a Ângela e Patrícia Lamastra, que cuidam até hoje da minha agenda em São Paulo. Era o começo e me convidaram para “tentar” fazer moda e umas capas de revista, para ter um book apresentável na época. E lá se foram 27 anos!
Você é um profissional eclético: dá aula, faz beleza de noivas, participa de desfiles, anúncios e editoriais, caracteriza personagens em novelas e peças de teatro. Tem alguma preferência?
Ah, amo passear no universo da maquiagem e em todas as suas possibilidades. Não consigo me ver preso apenas em um estúdio de TV, em um salão e muito menos no frenesi dos camarins fashions da vida. Gosto também do carinho de uma noiva ou o encantamento da cliente que levanta da minha cadeira linda e feliz. Acho um tédio ser segmentado, e talvez essa inquietude me trouxe expertise para hoje atuar em qualquer esfera da profissão.
Noivas são a maioria da sua clientela?
Hoje têm sido mais da metade e trabalho nesse segmento devido à proliferação de blogs e até mesmo pelo meu novo desafio, o salão Studium Maison, em Recife. Além da própria Agência First, e por ser a primeira a oferecer o serviço e ter um setor só para atendê-las, faço a beleza de casamentos em Trancoso (BA) e Fernando de Noronha (PE), passando por São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais.
Qual o maior cuidado em trabalhar com elas?
É atender de forma personalizada e realizando seus desejos. Sendo atencioso, delicado e coerente com seu dia, seus horários e biótipo. Vejo muitos profissionais, até mais renomados que eu nesse segmento, carimbá-las e cobrar valores exorbitantes para fazer o mesmo, criando especulação e inflacionando o mercado. Ninguém usa pó de ouro na maquiagem, né?
Com sua experiência de 35 anos, o que acha do setor de beleza hoje?
A globalização trouxe outras possibilidades para o mercado e o profissional tem como manter sua rédea para se apropriar de conhecimento técnico adequado e produtos de última geração, como forma de otimizar o resultado final. Porque ele é real e nunca virtual, como a maioria tem direcionado.
Texto: Annamaria Aglio e Katia Deutner
Fotos: Renato Filho e divulgação